Filme “Marcha das Vadias” no Festival de Filmes Curtíssimos 2012!

O filme “Marcha das Vadias”, realizado pelo Coletivo Muruá, é um registro da Marcha das Vadias do DF, que aconteceu no dia 18 de junho de 2011 em Brasília. O filme foi selecionado para a Mostra Competitiva Nacional da edição 2012 do Festival Internacional de Filmes Curtíssimos e será exibido no dia 10/05, 5ª-feira, às 20h no Museu Nacional.

Vamos concorrer na votação do juri popular e contamos com a presença de vocês para dar uma força pro filme! Será uma ótima oportunidade para divulgar e fortalecer a próxima Marcha, que acontecerá no dia 26 de maio, sábado, às 13h, com concentração em frente ao CONIC.

Lista de filmes do Festival:

http://www.filmescurtissimos.com.br/filmes.html

Programação:

http://www.filmescurtissimos.com.br/programacao.html

Marcha das Vadias. Direção – Alan Schvarsberg; Montagem – Julia Zamboni e Alan Schvarsberg; Produção – Coletivo Muruá e Marcha das Vadias/DF

O direito a uma vida livre de violência é um dos direitos mais básicos de toda mulher, e é pela garantia desse direito fundamental que marchamos hoje e marcharemos até que todas sejamos livres”.

Carta Manifesto completa: https://marchadasvadiasdf.wordpress.com/manifesto-porque-marchamos/

 

Confirme sua presença na exibição do filme: http://www.facebook.com/events/133634263435881/

Curta nossa página no Facebook: www.facebook.com/marchadasvadiasdf

Evento da Marcha 2012: http://www.facebook.com/events/344865505579051/

Blog Nacional: www.marchadasvadiasbr.wordpress.com

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#MarchaDasVadias #MarchaDasVadiasDF

“Vadias porquê?”, texto de Lena Azevedo

“Coisas que causam o estupro. Não é bebida, andar só, nem usar roupa sexy. É o estuprador. 10 mulheres são estupradas por dia. E isso não é piada de mau gosto de Rafinha Bastos – um dos apresentadores do CQC. Eram muitas as manifestações. Cartazes, palavras de ordem, pulos contra o machismo e vaias para os misógenos. Um sábado diferente na zona central de Brasília. Aos poucos elas foram chegando. 18 de junho de 2011. Cenas que entraram para a história do Distrito Federal, tão acostumado a manifestações de trabalhadores, índios, sem terra e outras tantas categorias, vindos de todas as partes do país que desejam protestar no centro do poder.

Uma organização diferente. Convocação pela internet para a Marcha das Vadias, um movimento que começou no Canadá e se espalhou pelo mundo.
Centenas de mulheres de idades diversas e homens solidários à causa saíram às 13h40 do Conjunto Nacional. Uma percussão de baldes e latas, surdos e apitos, misturados às vozes revezadas ao microfone puxando o coro das “bacantes”, seguiu pela pista. Margeando o estacionamento, ocupando duas das três faixas do Eixinho, entre buzinas simpáticas ao protesto, seguia a multidão. Muitos fotógrafos, cinegrafistas profissionais, amadores. Celulares e câmeras para registrar o instante que entra para a história, memória da cidade, do movimento de mulheres.
Um caminhar tranqüilo e seguro, de quem sabe de seus direitos e segue em frente para vê-lo sair das páginas da lei, aprisionada, imobilizada pelo preconceito. Sociedade machista, complacente com a violência. Apitos para acordá-la. Cartazes para lembrá-la. Provocações à mente, ao comportamento vigente. Nada pode ser como antes.
O mundo gira, as mulheres avançam pela avenida, invadem a rodoviária de Brasília. Tudo diante de impassíveis policiais, pedestres e comerciários desavisados, sem entender bem o que diziam e queriam aquelas 1.000 mulheres vestidas de forma diversa, variações de vadias, versões religiosa, meio santa, meio puta, de mini-saias, fazendo top less. Acima de tudo mulheres livres, rebeldes, anárquicas.
E quem achou que anarquia não combinava com organização se esqueceu que no centro de tudo, acima de tudo existe uma causa. Candangos, pessoas em terra estrangeira, na secura do Cerrado daquele sábado quente sem uma nuvem sequer no céu, foram interrompidos em sua rotina. Das estudantes à frente do cortejo inusitado com frases escritas em batom no peito “esse corpo não lhe pertence”, ou “o corpo é meu”, das feministas da marcha das mulheres, das ONGs, dos homens que ousaram dizer que não eram leões e que “ser muito macho é sinal de estupidez”. Nada disso passou despercebido nas plataformas de ônibus, na impaciência de motoristas que seguiam rumo à Esplanada dos Ministérios pelo Eixo Monumental e foram surpreendidos por uma horda de vadias que pararam o trânsito em frente ao Conic, durante o trajeto rumo ao Parque da Cidade.
Um movimento para ficar na memória de quem aderiu, das que saíram das telas dos computadores e ganharam vida na rua, daquelas que já estão nela há muito tempo lutando por dias mais iguais e se juntaram às novas feministas, em sua forma de ver e perceber o mundo.
A provocação, essa insistência que leva o outro a pensar, mesmo que a revelia, mesmo que arrastado, pego de surpresa no ponto de ônibus, isso muda o próprio modo de pensar. E porque não? Afinal: você é um homem, ou um leão?”

Lena Azevedo
Assessora de Comunicação da Secretaria de Políticas para as Mulheres

Texto publicado em: http://www.sepm.gov.br/ministro/publicacoes/vadias-porque

Dia Internacional de Combate a Homofobia na Universidade Católica de Brasília

Segue abaixo a programação do Núcleo Discente de Diálogo em Gênero e Diversidades – Div’Gê, da Universidade Católica de Brasília, para o Dia Internacional de Combate à Homofobia:

“Como algumas/alguns sabem, Maio é marcado pelo Mês Internacional de Combate à Homofobia, onde a data escolhida remete a exclusão da homossexualidade da lista de Classificação Internacional de Doenças (CID) pela Organização Mundial de Saúde (OMS), oficialmente declarada em 17 de Maio de 1992.

Devido a isso e a necessidade de continuidade da luta por direitos LGBTTT’s, o Núcleo Discente de Diálogo em Gênero e Diversidades – Div’Gê comemora a data dos 20 anos de abolição do termo “homossexualismo”, trazendo para a Universidade Católica uma amostra de filme e um enorme protesto/beijaço contra a homofobia nas Universidades e escolas do país. Além disso, estaremos com uma intervenção adaptada onde haverá uma imagem do Deputado Jair Bolsonaro, onde você poderá deixar seu recado.

15h: Cine-Debate: “Milk – A Voz da Igualdade” (com Felipe Areda)
18h: Intervalo Interativo: Recado ao Bolsonaro
18h40: Concentração
19h20: Manifesto/Beijaço

Precisamos de vozes e forças dentro da Universidade que é propulsora de boicotes passados de movimentos sociais e conhecida por inúmeros casos de homofobia e machismo. Então traga sua bandeira, tambores, latas para batuque, cartazes, apitos e muita voz para esse dia de comemoração e combate à homofobia, lesbofobia e transfobia não somente no Brasil, mas em todo o mundo.”

Fonte: http://www.facebook.com/events/442356725778420/447987718548654/?notif_t=plan_mall_activity

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Semana das Calouras da Universidade de Brasília

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A Semana das Calouras 2012 da Universidade de Brasília começará na próxima 2ª-feira, dia 26 de março, e possibilitará às estudantes e trabalhadoras da universidade contato com múltiplos debates, questões, mentalidades e realidades que muitas vezes estão completamente distantes do nosso universo cotidiano. É massa pensar na universidade como um espaço pra conversar, conhecer e construir novas idéias em conjunto e não apenas uma escola pra chegar, assistir aula e absorver os conhecimentos de sala de aula. Tem debates com mulheres soropositivas, com coletivos de mulheres negras, rodas de conversa sobre feminismos, veganismo, transexualidade, parto humanizado, oficinas de intervenção urbana, capoeira, auto-defesa feminista, exibição de filmes, apresentações de grupos e uma festa, entre outras coisas… A maioria das atividades são mistas e algumas só para mulheres (é só ficar de olho no aviso). 

Aqui a programação detalhada: https://docs.google.com/spreadsheet/ccc?key=0ApiOIYVAWe6FdHVqcmJfYUtKTElXVHFBNi0tQnRRZlE#gid=0

Participem! Vamos ocupar os espaços que são nossos! =)

Carta do Coletivo Unificado de Mulheres da UnB contra a presença da Polícia Militar nos campi da Universidade de Brasília

Segue abaixo a carta do Coletivo Unificado de Mulheres da UnB que foi lida no dia 14 de março de 2012, após o debate sobre a presença da PM na UnB promovido pela atual gestão do Diretório Central dos Estudantes,  “Aliança Pela Liberdade”, que aconteceu no Auditório Joaquim Nabuco. A carta foi muito aplaudida e empoderadora naquele contexto, situado no prédio dos cursos mais elitizados da UnB, em que uma mesa exclusiva de homens brancos discutia um tema tão complexo e que afeta principalmente as pessoas que não estavam representadas ali.

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SEGURANÇA PRA QUEM?!

A falta de segurança da UnB não é – nem será – resolvida pela presença da Polícia Militar nos campi. Assim como não o é em nenhum lugar do DF ou do Brasil. Enquanto gastamos tempo discutindo “PM: sim ou não”, o verdadeiro problema da UnB é mascarado.

Em um universo de mais de 30 mil estudantes, professorxs e servidorxs, temos…

menos de 10 carros para fazer a ronda do estacionamento

50 vigilantes por turno (20 concursados e 30 terceirizados)

120 porteiros terceirizados por turno

rádios e iluminação insuficientes

falta de capacitação

falta de vigilantes mulheres

pouquíssimas linhas de ônibus que adentram o campus (péssimo quadro do transporte público do DF)

Medidas simples poderiam mudar completamente a realidade da UnB. Além de iluminação e capacitação, um exemplo seria o retorno do concurso para o cargo de vigilante, o qual foi proibido durante o governo FHC. Reivindicamos a reabertura desse concurso! O que fazer para dar segurança axs estudantes que precisam pegar ônibus na L2? Colocar mais ônibus circulando dentro da UnB, ora. Entre outras medidas PRÁTICAS simples que melhorariam EFETIVAMENTE a nossa segurança, afinal, como foi dito, a PM está no campus e nada foi resolvido.

Além disso, mais do que ineficaz, a presença da PM representa uma verdadeira interferência no ambiente acadêmico e criativo que é a universidade. Não é preciso falar na ditadura, onde homens fardados, com revólveres e cassetetes, reprimiam e agrediam manifestantes. Basta pegar o exemplo da USP, onde, em 2010 e 2011, a PM invadiu assembleias e manifestações, prendeu, bateu, jogou gás lacrimogêneo em estudantes e servidores e transformou o espaço de debate em prisão.

É por isso que alguns setores da sociedade defendem tanto o policiamento ostensivo no campus, afinal, pra resolver o problema da segurança que não é.

No DF, podemos recordar de que lado estava a PM no Fora Arruda, nas manifestações pelo Passe Livre e do Santuário dos Pajés: não era dxs estudantes! A mesma PM que dá bacú em qualquer negro andando de manhã-tarde-noite pela rua. Ou que assovia para mulheres de mini-saia, em vez de protegê-las. Ou que bate em travestis da W3, em vez de prender quem o faz. Não é essa PM que queremos na UnB, no DF, nem no mundo!

Além de tratar o debate de forma reducionista, como se a segurança dependesse da presença da PM, a gestão do DCE “Aliança Pela Liberdade” até hoje não reconhece o coletivo como interlocutor fundamental para esse debate, por isso nos manifestamos desta forma. E como vocês podem ver, não há nenhuma mulher nesta mesa, debatendo um tema que é tão caro para nós.

Para falar em segurança, precisamos escutar quem mais é vulnerável em sua ausência: mulheres, LGBTs e negr@s. Não adianta um homem branco de classe alta vir falar como é ser mulher, lésbica, travesti, negra e/ou pobre da Universidade de Brasília.

Desde 2011, o Coletivo Unificado de Mulheres da UnB tem se mobilizado! Realizamos atos na L2 e na reitoria, reuniões com o DFTrans, Secom UnB e CONSEG, além de debates sobre o tema da segurança, de forma mais ampla. De 26 a 30 de março, vamos promover a Semana das Calouras do 1o/2012, onde esse é um dos temas centrais. Convidamos todas as mulheres da Universidade a se juntarem a nós, estudantes, professoras e servidoras: juntas somos fortes!

Por uma segurança comunitária JÁ

Livre de racismo, sexismo e qualquer violência!

Contato: coletivodemulheresunb@gmail.com

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Quem o machismo matou hoje?

Estamos diante de sete mulheres que foram estupradas e ofertadas como “presente”. Duas delas, depois perderam a vida. Que direitos tiveram aquelas mulheres?

É uma mistura de revolta, angústia, impotência, indignação, pavor, raiva, nojo, tristeza. Muita tristeza. Não é possível definir sentimentos que nos tornam quase que incapazes de acreditar no ser humano.

O estupro coletivo de sete mulheres e assassinato de duas delas, ocorridos na cidade de Queimadas, no interior do Estado da Paraíba, foi um crime premeditado. O estupro seria um “presente de aniversário” de um irmão para outro. O caso revela muito mais que psicopatia. Revela um cenário brutal de machismo e misoginia.

O fato de que a sociedade trata os estupradores como psicopatas, monstros e indivíduos que não pertencem à sociedade é, no mínimo, hipócrita. Os homens que violam e violentam os corpos das mulheres estão apenas reproduzindo os padrões disseminados pela sociedade. Padrões que colocam os nossos corpos como mercadorias, objetos de desejo, sem que nós sejamos protagonistas desse desejo. Sempre representadas como incitadoras da violência, como se fosse nossa vontade não sermos donas de nós mesmas e nossos corpos sendo apenas objetos que estão lá para satisfazer vontades de outros, sonhos de outros, vidas de outros.

 Em propagandas como a da Hope com a Gisele Bundchen, não basta sermos objetificadas, devemos também nos orgulhar disso e nos objetificar também.

Então, um homem ganha de aniversário um estupro coletivo e as mesmas pessoas que corroboram com essas relações sociais distorcidas se chocam, acusam, apontam dedos, desejam a morte desses homens. Sem perceber que esses homens trataram aquelas mulheres como elas são retratadas cotidianamente, como objetos. Já passou da hora de refletirmos que a culpa é do estuprador e não da vítima, e que é também dos que perpetuam o imaginário da mulher objeto. Um imaginário doente, violento e que nos agride todos os dias. 

Temos acompanhado também o julgamento de Lindemberg Alves, acusado de manter em cárcere privado e matar Eloá Pimentel, 15 anos, sua ex-namorada. Em sua defesa, a advogada Ana Lúcia Assad declarou: “Ele não é bandido. Ele confessou que atirouem Eloá. Lindembergé apaixonado por Eloá. Foi o grande e único amor da vida dele, tanto é que ele não recebe visita íntima porque ele não quer ter outra mulher. Lindemberg sofre pela morte de Eloá”.

Não podemos enxergar o homicídio de Eloá Pimentel como apenas mais um “crime passional” entre namorados, como resultado de um “descontrole emocional”. Aqui há também a questão do sentimento de posse de um homem com relação a sua namorada, a idéia de que “se ela não for minha, também não será de mais ninguém”; o machismo estrutural em nossa sociedade que fundamenta o argumento de que Lindemberg teria matado por “amar muito” Eloá.

A advogada ainda enfatizou que a vítima era “geniosa e explosiva”. Segundo ela, “Eloá contribuiu para deixar a situação pior do que estava”. Uma defesa pautada na idéia da culpa da vítima, responsabilizando Eloá pela violência que sofreu. Mas pra nós está claro: quem ama não mata.

Esses dois episódios não são fatos isolados. Casos como estes, em que mulheres são estupradas e mortas, acontecem todos os dias. Mas é mais fácil situar os estupradores como psicopatas ou doentes mentais à ter que enfrentar uma sociedade que é doente: entende-se machista.

É necessário juntar forças de todos os cantos para combater o machismo e nunca mais permitir que apareça qualquer sintoma dele, como o estupro e mortes de mulheres.

E, por isso, nós, da Marcha das Vadias do Distrito Federal, repudiamos toda e qualquer violência contra as mulheres. Lutamos para que casos como estes não mais existam. E continuaremos lutando pelo fim do machismo e fim da violência.

Por Mariana Castellani, Kilma Cavalcanti e Lia Padilha da Marcha das Vadias do DF.

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Metroviárias de SP denunciam incentivo à violência sexual no programa Zorra Total

Abrimos esse espaço para nos solidarizar às metroviárias de São Paulo, que denunciaram o absurdo quadro humorístico do programa Zorra Total, da Rede Globo, em que uma mulher é abusada sexualmente no metrô. Nos sentimos plenamente contempladas pela iniciativa dessas mulheres e ficamos muito felizes ao ver que cada vez mais mulheres estão se manifestando contra os abusos e violências de diversas ordens que nos atingem. Jamais nos calaremos!

Mais uma vez: Estupro não é piada e machismo não tem graça! 

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Mais um belo vídeo da Marcha das Vadias de Brasília

Segue abaixo mais um ótimo registro da Marcha que reúne algumas das quase 2.000 vozes que se reuniram no dia 18 de junho de 2011, em Brasília/DF, pra gritar contra o machismo:

“A nossa luta é por respeito, mulher não é só bunda e peito!”

(vídeo por Gustavo Amora)

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Vídeo lindo da Marcha das Vadias de Brasília

A nossa Marcha foi absolutamente grandiosa, e os sentimentos de solidariedade, missão cumprida e empoderamento que experimentamos nela foram compartilhados em vários de nossos encontros e conversas pós-Marcha. Pra quem não pode participar desse acontecimento histórico, e pra quem esteve lá e não queria que acabasse, fica aqui um registro, feito pelo Coletivo Muruá, que conseguiu capturar lindamente um pouco da atmosfera que acompanhou nossos passos em marcha:

Brasília, 18 de junho de 2011

Acompanhando os levantes mundiais pela igualdade de gênero e pelo fim da violência contra a mulher, é realizada a Marcha das Vadias:

 

“Se cuida, se cuida, se cuida, seu machista! América Latina vai ser toda feminista!”

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Estupro não é piada!

Gostaríamos de dividir com vocês um acontecimento que no mínimo nos chocou. Quarta feira à tarde, recebemos o seguinte e-mail:

“Olá, boa tarde!

Meu nome é Charline Messa e sou autora de uma foto do Rafinha Bastos que vocês estão usando no blog sem prévia autorização, além de terem alterado o conteúdo original da imagem.Peço, por gentileza, para que tirem a imagem do ar e tirem também do ar quaisquer outras imagens publicadas sem a devida autorização. Não sei que outros usos vocês fizeram dessa foto, mas não quero que um trabalho que eu fiz para o próprio Rafinha Bastos seja usado por outros veículos que não sejam autorizados por ele ou por mim.Link da imagem: https://marchadasvadiasdf.wordpress.com/2011/06/17/estupro-nao-e-piada-e-crime/

Muito obrigada!”

Cordialidades à parte, nossa querida amiga não foi tão simpática assim em seu twitter quando perguntou:

Respondemos Charline Messa que poderia mandar sim, pois felizmente não temos problema algum com o sexo anal.

Entretanto, é mais que claro que o pedido acima não foi realizado por uma questão de direitos autorais ou de utilização indevida de obra. O pedido de Charline é uma reação às críticas que feministas vêm levantando frente aos últimos pronunciamentos de Rafael Bastos – o qual, em uma tentativa irresponsável e agressiva, procurou fazer humor com o estupro. Ao emitir tais palavras, Rafael agrediu mais uma vez todas as mulheres que já passaram por essa violência – as estatísticas apontam o assustador número de 15 mil por ano em nosso país. Ao exprimir tamanho escárnio, Rafael quis tornar risível a dor e o trauma das mulheres que tentam sobreviver cotidianamente sob um passado sufocante. Ao cometer esse insulto, Rafael quis incentivar e reafirmar a violência de homens que acreditam em seu poder irrestrito sobre os corpos e os desejos das mulheres. Rafael Bastos, com sua “inocente” piada, feriu o princípio do respeito à dignidade humana e, sem dúvida alguma, danou moralmente, por inteiro, nossa sociedade. Mesmo frente às queixas de mulheres que se sentiram pessoalmente atingidas pelo comentário, Rafael Bastos sequer teve a decência de se retratar pelas barbaridades que falou – o mínimo que poderia fazer em resposta às mulheres que se sentiram ofendidas.

Charline Messa, ao tentar retirar as possibilidades de crítica à imagem de seu amigo, tenta protegê-lo das conseqüências de seu próprio discurso. Felizmente, a justiça já corre atrás das opressões produzidas por um sistema alienante e preocupado com as vendas que uma piada de mau gosto poderia render. Rafael Bastos está sendo indiciado por apologia e incitação ao estupro e, se condenado, o humorista poderá cumprir de um ano a dois anos de pena, rindo sozinho da própria piada. Interessante coincidência foi a simultaneidade entre a divulgação da iniciativa do Ministério Público de São Paulo e a notificação ultrajada de nossa querida fotógrafa sobre a indevida utilização de sua imagem – que, diga-se de passagem, já está em nosso blog há um mês.

Por fim, respeitamos a decisão de apoio incondicional de Charline Messa a seu amigo Rafael Bastos e vamos substituir a imagem por outra que utiliza o creative commons, pois preferimos utilizar o trabalho de pessoas que entendem a importância do compartilhamento de conhecimento, que defendem a solidariedade e a utilização do conhecimento a serviço da sociedade e não do lucro.

Assine aqui o abaixo assinado de pelo fim da apologia ao estupro de Rafael  Bastos.

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